Um estudo desenvolvido na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP em parceria com a Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, aprofundou a pesquisa para a utilização de madeira de eucalipto jovem na fabricação de produtos engenheirados de classe estrutural, como vigas e colunas.
A reportagem de Ivanir Ferreira para o Jornal da USP conta que o engenheiro florestal Bruno Balboni, autor da pesquisa, estudou os nós, que enfraquecem a resistência da madeira, e os empenamentos, que dificultam o uso. Ele selecionou clones de eucalipto buscando características apropriadas para o uso estrutural e aplicou a técnica de Madeira Laminada Colada (MLC), para eliminar os efeitos negativos dos nós e dos empenamentos.
Entre seis clones avaliados, dois se destacaram. Um tinha a madeira leve e resistente, características consideradas perfeitas para a fabricação de produtos engenheirados. O outro possuía madeira mais densa e proporcionalmente resistente, adequado para uso como madeira maciça estrutural.
Em um segundo momento foram utilizadas madeiras provenientes de árvores plantadas por sementes, porque elas apresentam alta variabilidade de defeitos. Isso era necessário para avaliar os efeitos dos nós e dos empenamentos no produto final.
Segundo o engenheiro florestal, as vigas fabricadas a partir desse processamento industrial eram extremamente resistentes e com boa qualidade, com nós menores quando comparados a outros tipos de madeiras. A baixa adesão à colagem das tábuas, algo que é comum à madeira com nós, foi neutralizada ao utilizar uma otimização na disposição das lamelas. As mais resistentes ficaram posicionadas nas camadas externas das vigas, nas porções inferior e superior.
Segundo Balboni, o impacto negativo dos nós na resistência das vigas foi observado em apenas uma das 18 testadas. “Este resultado parcialmente negativo, no entanto, foi extremamente útil para se compreender o tamanho máximo indicado para os nós em vigas coladas de eucaliptos jovens”, diz.
A pesquisa de Bruno Balboni resultou na tese “Investigando o uso de madeira contendo defeitos de plantações jovens de eucalipto para a fabricação de produtos de engenharia”, orientada pelo professor José Nivaldo Garcia (Esalq), que foi agraciada com a menção honrosa do Prêmio Teses Destaque USP em 2023, na grande área “Sustentabilidade”.
“Os resultados da tese ajudam a desmistificar diversas questões relacionadas ao uso de madeira de eucaliptos jovens para fins estruturais”, afirmou o professor José Nivaldo.